sábado, 20 de dezembro de 2014

Debate






Bate, rebate,debate,
ataca, defende,depende...
não se arrepende, aprende,
que baque, 
tudo no  merengue!
Deus me acuda, 
quero ajuda!





segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

PERDÃO

                                
                        
um pedido de perdão
guaranis,ticunas,terenas...
das duras penas
que nós as infligimos
a vós irmãos...
caiganges,macuxis,guajajaras
de lindas penas,verdes,azuis
amarelas belas e pequenas
ianomanis,xavantes,
pataxós vermelhos
da cor do sangue
escorrido em terras tuas
tupis,tapirapés,potiguares...
das praias de areia fina
dos rios de aguas abundantes
das verdes florestas virgens
das montanhas em pedra pura
das falésias cruas e nuas.

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Temo e Tremo





temo 
viajando no trem
fumacento 
e trepidante 
nos trilhos da vida!

tremo 
ao memoriar 
pausadamente
o tempo passado
vivido sem amor!

temo
pelo  porvir
amarelecido 
da tarde inevitavel 
previsivel

tremo
todos os dias
nas horas lentas
passadas na espera
da colheita certa!



domingo, 22 de junho de 2014

Subway






acordo na noite
de sobressalto 
num assalto inesperado 
nos trilhos do subway 
da madrugada fria
sem nome e destino
num vazio infinito
sinto tua presença
num sonho estranho
a me sondar... 
numa imagem 
esfumaçada e imprecisa
delineada no ar
magnética a me indagar!









sexta-feira, 20 de junho de 2014

Junho






na invernada
duma manhã fria
quero sorver
qual bezerro guloso
de teu corpo sadio
tua seiva leitosa
a escorrer-me 
pelos cantos da boca
numa volupia gozosa! 



quinta-feira, 19 de junho de 2014

Bons Ventos






que bons ventos 
me tragam
para junto de ti
um dia aqui
no ardor de mim...
ou que os ventos 
traguem-me 
num tornado
jogando-me ao longe 
numa ida sem volta
com o rastro 
da destruição 
sem fim...


domingo, 1 de junho de 2014

Seios









na invernada
duma manhã fria
quero sorver
de teus seios viçosos
tua seiva leitosa
a escorrer-me
pelos cantos da boca
numa volupia gozosa!



Vulcão



tu és
um vulcão latente 
entrando em erupção
solenemente 
a qualquer hora
sem pedir licenças 
 atingindo primeiro
com tuas lavas ardentes
depois deixando
imerso em cinzas quentes
 um pobre demônio vivente
não tendo prá onde correr 
pois no inferno
inclemente 
há tempos já está!



domingo, 25 de maio de 2014

O Vinho - quanto mais velho melhor!





cá estou a espera
da oportunidade
que não houve
por isso ou por aquilo
não fui sorvido a dois
numa celebração
esperada,adiada,
ouvidada agora!
mas continuo
a espera...
sou um jovem vinho 
com o passar do tempo
ficarei melhor!

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Trajetória de Anchieta






Das Canárias e de Coimbra
  de longe viestes a nos encontrar.
Em frágil nau veleira, 
singrando os mares bravios,
da foz do Tejo às Terras de Santa Cruz.
De coração juvenil partistes animado,
junto a confrades navegastes,
 primo de Loyola, irmão de Jesus.
Aqui chegado foi logo,
 em areias quentes caminhando,
 ao longo de mares espumantes,
dormindo em pedra dura,
contemplando no céu o Cruzeiro do Sul.
Bertioga,São Vicente,Itanháem...
suas marcas deixou,
acalmando os Tamoios,
e à Virgem em poemas louvou!
Escalpastes acompanhado,
de bravos gentis amados,
 a Serra do Mar na trilha Guarani.
 No planalto vislumbrado 
entre rios e canoas navegando,
viu surgir a nação Tupi.
Com Nóbrega, o padre mestre,
num dia inspirado,
do apóstolo o nome emprestado
 foi a vila de São Paulo por ti criada
com casa,pão e agasalho.
Coragem  não lhe faltou,
animou-o a fé na vida e na esperança semeou,
um novo homem moldado,
em letras e artes,no amor catequizado.
José de Anchieta, José do Brasil!











quarta-feira, 2 de abril de 2014

Rio São Francisco

Poema dedicado a 
D.Luiz Cappio, Bispo de Barra-Bahia
Defensor do Rio São Francisco. 







Na serra da Canastra vai  nascendo
manso e caudaloso o velho chico
de águas limpas cheias de vida
banhando vilarejos mil
dando peixe aos pescadores
água aos lavradores
levando a todos nas velhas gaiolas,
barcos e canoas desde sempre...
ouvindo o espocar dos rojões
de quem chega e adeus dos que partem
de todos os portos para todos os cantos
dividindo e unindo Petrolina e Juazeiro
represado em Paulo Afonso
gera energia e ilumina meio mundo
chega nas Alagoas e corre veloz...
para o mar sem fim!


São Luiz das Águas - tinta e cera sobre papel,20x30,2007

sábado, 29 de março de 2014

Repouso




meu ombro
te ofereço
para que repouses
ao fim do dia
tranquilo e sereno
só sentindo
que não estás só!




quinta-feira, 27 de março de 2014

ESCREVER É CORTAR

Este poema é dedicado a Henrique V.M.Valle



escrever é cortar
cantar, contar, esquecer
palavras escritas...
a mão, no chão,com carvão
nas areias do mar
nas cavernas rupestres
nos tabletes de argila
nas lápides de mármore
nos papiros do Nilo
nos couros de cabras
nos pergaminhos medievos
nos tecidos de linho
nas lousas escuras
nas paginas de brochuras 
nos papeis de pão
em guardanapos usados...

escrever é um ato de
cortar na própria carne
explodindo a alma
em palavras aos ventos 
poesia!




Ps: ESCREVER É CORTAR 
(esta frase é atribuída a Adélia Prado)




segunda-feira, 24 de março de 2014

CACOS





Do vaso quebrado
restaram em azul
pedaços manchados
de noites de amor...
em lembranças saudosas!

Juntando-os agora
no contraponto
do jogo do tempo
formam disformes
um triste mosaico
 de versos em cacos!



CACOS - Tinta e colagem s/papel,20x30,1998

quinta-feira, 20 de março de 2014

VITA BREVIS





na brevidade da vida
navegamos rápido
rumo ao porto de chegada
como destino final

transposto o umbral 
chegaremos onde 
alguém nos aguarda
ai veremos a Deus

as crenças ancestrais 
assim nos ensinam
a fé nos sustenta
a esperança nos anima
e o amor nos garante!







terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Contemplação





contemplo 
o quadro negro
constato 
as sobras de giz
das palavras escritas
e apagadas...
tal qual os dias
de minha vida
esvaindo-se rápido...
vividos com marcas
em rotinas finitas
de obrigações
divinas, morais,sociais
políticas e culturais...
restando-me de pronto
uma pergunta: 
vivi ou morri ?




Eis-me aqui




quanto mais te conheço 
mais te amo
um dia no tempo
longo ou breve
a distancia
será encurtada
o silêncio 
será rompido
as palavras serão ditas 
entre nós
na manhã úmida
o amor florescerá 
sob o sol brilhante 
resplandecerá
 na noite de lua cheia
se completará!


domingo, 23 de fevereiro de 2014

Zen







caminhar sempre
olhando a frente
para trás nunca
sem parar
junto ao mar
molhando os pés
sentindo o sal
curtindo sol
com todo o bem
e nenhum mal
zen!




quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Esperadeira







na janela
lá estava sempre
debruçada 
mão no queixo
sorriso largo
olhos abertos 
atenta aos movimentos
do sobe, desce ladeiras...
esperando aquele rapaz
dar uma piscada
saindo correndo atras
daquele que seria capaz
de faze-la parar
de esperar!



quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Chorinho








em mesa de bar
sozinho, ouço por ti
bem chorado
um chorinho...

vertendo lágrima 
choro baixinho
com saudades
devagarinho...

ao som do violão 
no ritmo do pandeiro
com forte emoção
vem o bandolim 
o cavaquinho
alentando o coração!






In memoriam de Jacob do Bandolim e de seu filho Sergio Bittencourt grandes chorões !






terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Sanctus Benedictus





bento santo,santo bento
são bento
monge dos brancos 
europeus


santo dito,dito santo
são benedito
frade dos negros
africanos


bentinho e ditinho 
santos do povo
santos de Deus
benedicti semper 
ad maiorem gloriam Dei



segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Papel Nosso





anotando,
escrevendo, 
desenhando,
meus sentimentos,
tristezas e alegrias...
papel nosso, 
de cada dia!




domingo, 2 de fevereiro de 2014

PROMESSA


Na caminhada da vida
Largaste-me caído
Faminto e sedento
A beira da estrada
Sem mais, nem porque.

Olvidando-me
Seguistes em frente
Sem ouvir meus apêlos
Indiferente...

Soergui-me qual Fenix
Das cinzas do tempo
Pondo-me em marcha
Lenta pelo cansaço
Contínua e persistente.

Caso mais a frente
Por um motivo qualquer
Encontrar-te esmorecida
De mãos estendidas
As minhas não te negarei
Prometo!


Encantos







no canto dos cantos 
te vejo além
na luz do luar
te busco também
em becos escuros
 tu me retens!




Porto








No mar revolto de tua vida,

Quero ser teu porto seguro.

Onde atracas teu jovem coração,

Curando-te as feridas... 

Antes de uma nova partida!






sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Recomendações finais





Quando eu morrer quero um caixão de madeira crua, com seis alças e sem brocados.
Vistam-me com o terno cinza,camisa branca e a gravata azul.
Derramem sobre mim, o resto do meu perfume Portinari.
Nada de flores, nas mãos apenas um ramo de oliveira verde.
Que ardam nos cantos quatro velas de cera de abelha com odor do mel.
Em câmara ardente ouçam minhas músicas preferidas para a ocasião:
O Adagio de Albinone e As Quatro Estações de Vivaldi e Don Giovanni de Mozart.
Que silenciem as línguas dos malidícentes!
O cafezinho estará liberado, mas sem açucar!
No cortejo até a cova,nada de carrinhos de empurrar ou motorizados.
Quero seis homens assim escolhidos: nas alças da cabeceira meus dois filhos,nas medianas meus dois netos,e nas derradeiras o mais novo deles a direita e a esquerda aquele que me amou por ultimo!
O choro contido será liberado para as mulheres,porém as lágrimas das três que amei em vida, já partiram antes de mim e lá me aguardam.
Desejo que na hora das despedidas finais,chova copiosamente e todos saiam depressa,sem olharem para trás,deixando-me em paz na cova rasa!
Ao retornarem, passem antes pela minha casa, lá não encontrarão dinheiro ou joias,mas repartam entre sí, minhas telas,
desenhos,poemas, livros,discos,etc...
Em tempo,se encontrarem entre páginas de algum livro, uma carta de amor e um poema a mim dirigidos não os leiam, por favor lancem ao fogo! 
Parafraseando o poeta termino: aqui me calo,aqui me fino!






Ilustração: O DEVIR ,óleo sobre madeira, 50x70,1998



domingo, 12 de janeiro de 2014

Saudade





sábado te visitei
logo cedo,
nem fila peguei
no museu 
da língua de camões
lusitano e luzidio,
você estava lá...
pensada, 
falada,
escrita, 
cantada,
palavra
em poesia!

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

No canto dos cantos

 
no canto
dos cantos
te busco além
 
nos bancos
das praças
te busco também
 
nas ruas e becos
escuras de breu
invisível me tens
 
 
 
 
 
 

Eu Socrates



eu sócrates
filho de escultor
e de mãe parteira
homem,filosofo e grego
cidadão de Atenas
 ensinei nas ágoras
sentei-me sob as ávores
caminhei pelas estradas
contemplei o céu estrelado
em noites claras e escuras
para dialogar...
indagando, provoquei
sem divagar, conduzi
às descobertas mil,
da sabedoria sutil
sendo condenado a morte
corruptor da juventude
a sicuta bebi!




.




segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Epiphania





Saíram os três

de onde saíram...

dizem que do Oriente

seguindo a estrela

mais brilhante

que no céu havia

procuravam por

um menino todavia

nos caminhos do deserto

onde se perdiam...