sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Recomendações finais





Quando eu morrer quero um caixão de madeira crua, com seis alças e sem brocados.
Vistam-me com o terno cinza,camisa branca e a gravata azul.
Derramem sobre mim, o resto do meu perfume Portinari.
Nada de flores, nas mãos apenas um ramo de oliveira verde.
Que ardam nos cantos quatro velas de cera de abelha com odor do mel.
Em câmara ardente ouçam minhas músicas preferidas para a ocasião:
O Adagio de Albinone e As Quatro Estações de Vivaldi e Don Giovanni de Mozart.
Que silenciem as línguas dos malidícentes!
O cafezinho estará liberado, mas sem açucar!
No cortejo até a cova,nada de carrinhos de empurrar ou motorizados.
Quero seis homens assim escolhidos: nas alças da cabeceira meus dois filhos,nas medianas meus dois netos,e nas derradeiras o mais novo deles a direita e a esquerda aquele que me amou por ultimo!
O choro contido será liberado para as mulheres,porém as lágrimas das três que amei em vida, já partiram antes de mim e lá me aguardam.
Desejo que na hora das despedidas finais,chova copiosamente e todos saiam depressa,sem olharem para trás,deixando-me em paz na cova rasa!
Ao retornarem, passem antes pela minha casa, lá não encontrarão dinheiro ou joias,mas repartam entre sí, minhas telas,
desenhos,poemas, livros,discos,etc...
Em tempo,se encontrarem entre páginas de algum livro, uma carta de amor e um poema a mim dirigidos não os leiam, por favor lancem ao fogo! 
Parafraseando o poeta termino: aqui me calo,aqui me fino!






Ilustração: O DEVIR ,óleo sobre madeira, 50x70,1998



domingo, 12 de janeiro de 2014

Saudade





sábado te visitei
logo cedo,
nem fila peguei
no museu 
da língua de camões
lusitano e luzidio,
você estava lá...
pensada, 
falada,
escrita, 
cantada,
palavra
em poesia!

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

No canto dos cantos

 
no canto
dos cantos
te busco além
 
nos bancos
das praças
te busco também
 
nas ruas e becos
escuras de breu
invisível me tens
 
 
 
 
 
 

Eu Socrates



eu sócrates
filho de escultor
e de mãe parteira
homem,filosofo e grego
cidadão de Atenas
 ensinei nas ágoras
sentei-me sob as ávores
caminhei pelas estradas
contemplei o céu estrelado
em noites claras e escuras
para dialogar...
indagando, provoquei
sem divagar, conduzi
às descobertas mil,
da sabedoria sutil
sendo condenado a morte
corruptor da juventude
a sicuta bebi!




.




segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Epiphania





Saíram os três

de onde saíram...

dizem que do Oriente

seguindo a estrela

mais brilhante

que no céu havia

procuravam por

um menino todavia

nos caminhos do deserto

onde se perdiam...