segunda-feira, 29 de maio de 2017

O Massacre






Em Pau D'arco 
do Grão Pará
numas terras distantes
 de vistas a se perderem...
dez jovens camponeses
com verdes sonhos
de terras repartidas!

C'os braços fortes 

a terra lavraram
na esperança de um dia
 muitos frutos colherem
vendo as familias sadias 
crescendo e vivendo em paz!

No dia da varredura 
com fé e coragem
 defenderam na valentia 
o pedaço de chão conseguido
nos seus corpos sangrados 
 a balas executados
em covas razas dormiram!












quarta-feira, 24 de maio de 2017

DIA DOS PAIS

Pai nosso que estais no céu...

Primeiramente lembro-me de meu pai, 
que já finou-se no ano 1970,
foi pai,amigo,trabalhador,palmeirense...
e do  tio Manoel (irmão do pai)
deficiente físico,alfaiate,
exemplo de honestidade, 
compromisso e de superação!

Dos pais da minha infância, 
lembro-me do Irmão Mario (nds)* 
sacristão da Igreja São José do Ypiranga
que tornou-me coroinha 
e teve muita paciência com o menino moleque que fui 
e do Padre Luigi Pellegrino (nds)*
que ensinou-me duas coisas:
ler  livro no ônibus em posição correta, 
e chupar laranjas sem descasca-las!
além de levar-me todas as quintas-feiras
 para a chácara de Guarulhos.

Dos pais da minha juventude 
que gastaram tempo comigo 
em minhas indagações juvenis:
Padre Tomas S. Palácios**
que no dia que completei o curso primário
 presenteou-me com um abridor de livros de prata
e mandou-me para o seminario.
Do EngºJosé Benzi que iniciou-me
na arte do desenho e da arquitetura,
e de tantos outros que foram pais
por dias,horas,ou momentos...
Também sou pai,sem ter gerado,
mas por adoção de meus filhos
que hoje também são pais...
(e eu avô de uma neta e três netos)

Fui pai de tantos outros
que cruzaram em meu caminho
de uma forma ou de outra,
que hoje também já são pais...
uns são gratos,outros indiferentes,
outros ainda esquecidos...
o importante é que fui,sou e serei 
ainda pai de tantos quantos
a mim se achegarem!




*    Notre Dame de Sion (nds)
**  Sacerdote Espanhol que foi Vigario Paroquial em SCS de 1955 a 1963

NELSON DOS REIS (In memoriam)

Corria o ano de 1980, o Brasil vivia tempos de “abertura política” e a ditadura militar ia chegando ao fim, respirava-se um ar de esperanças, e o ABC Paulista vivia momentos de movimentação sindical,política, social,econômica, etc...
Nesta época eu fazia um curso de Teatro na Fundação das Artes de São Caetano do Sul,quando o famoso e reconhecido bailarino e coreografo Klaus Viana ministrou uma Oficina de Dança a todos os estudantes de Artes Cênicas e aos Grupos de Teatro Amador do ABCD, quando conheci Nelson dos Reis, jovem ator e militante político/cultural que naquele momento era presidente da FEANTA-Federação Andreense de Teatro Amador , alem de trabalhar no DEPEC – Departamento de Esporte e Cultura de São Caetano do Sul como animador cultural.
Na época eu residia em São Bernardo do Campo,palco da cena política do Brasil, com a emergente liderança do LULA e da criação do Partido dos Trabalhadores e lá estava também o incansável Nelson dos Reis participando do ABCD- Sociedade Cultural,uma entidade criada a partir do Fundo de Greve do Sindicato dos Metalúrgicos de SBC, e que promovia varias atividades,tais como jornalismo,assistência jurídica,ação cultural,etc todas estas atividades sem fins lucrativos e realizadas por voluntários, militantes e de várias colorações ideológicas.Neste espaço cultural havia um Grupo de Teatro Amador , animado pelo diretor Lineu Constantino,que ministrava oficinas de preparação de atores,visando futuras montagens teatrais , mambembes e voltadas a população da região.Nelson era um dos lideres do grupo e convidou-me a participar,convite aceito  passei a integrar a trupe, e veio nossa primeira montagem,a partir de uma criação coletiva que se intitulava A INCRÍVEL HISTORIA DO HOMEM QUE VIROU CÃO ,  contava a historia de um desempregado que no limite das necessidades aceitou o “emprego” de cão de guarda de uma fábrica e metamorfoseou-se em cachorro, e o ator principal foi o Nelson que impressionava pelo desempenho, alem da Kátia que era a esposa assustada, o Bráulio que fazia o coringa,o Kioshi que era a banana ambulante,o Paulo o pregador de rua , o China um metalúrgico e eu o patrão etc... e assim nossa comedia rodou vários bairros , perfazendo 82 apresentações,fazendo rir e se possível fazendo pensar,seguindo a proposta de Brechet.

Ao lado de toda esta movimentação ia sendo criado o PT e o espaço que utilizávamos para ensaios era o espaço do Diretório Provisório então a convivência era mútua e os ideais eram comuns, ai o Nelson foi o primeiro a se filiar, eu o segundo e na sequência nós todos...um fato muito interessante,terminado os ensaios aos sábados nos reuníamos no bar do Paraquedas, na Praça Lauro Gomes,e numa noite destas encontramos Julio de Gramont e o Augusto, que organizavam a eleição do primeiro Diretório e tinha concebido uma bandeira para o PT que consistia eu um retângulo vermelho com uma estrela ao centro e ao meio a sigla PT...tomavam uma cerveja e tentavam rascunhar uma estrela, só que era de seis pontas, a de David, então  pediram ajuda, a mim e ao Nelson ,pois a estrela tinha que ter só cinco,eu que na época era desenhista e tirei de letra...ai recebi uma tarefa desenhar o rascunho da bandeira,que depois foi levado para a esposa do LULA , a Marisa Letícia que a confeccionou em tecido e esta bandeira ficou por muito tempo na parede da sala onde ensaiávamos e o Nelson sempre a reverenciava respeitosamente, pois tinha muita fé no nascente PT. Lembro-me também da primeira candidatura do LULA em 1982 para o Governo de SP,cujo lançamento foi na Praça Lauro Gomes,numa noite fria e garoenta onde o Nelson entusiasmado empenhou-se de corpo e alma na preparação e realização do evento, e ao final sorria feliz,pois tínhamos tido um publico de umas 5 mil pessoas.O tempo foi passando, a nossa convivência sempre muito próxima, conversávamos muito sobre tudo e todos, concordávamos ou divergíamos, mas uma coisa sempre deixava tudo em paz, o Nelson e seu violão , sempre a tira colo... e a primeira canção era Preta,Pretinha eu vinha te falar...musica que todos cantávamos.Ai veio a opção pelo jornalismo,entrou na Faculdade Casper Libero, e as vezes perdendo a hora,pedia-me uma carona de SBC ate a Av. Paulista , e eu de moto e ele na garupa cortávamos voando a Via Anchieta e num instante chegávamos lá.Nelson era poeta também, conseguiu com recursos próprios editar seu primeiro livro de poesias e alegria foi imensa,muitas comemorações com cervejinhas e o hambúrguer do Paraquedas até altas horas!
O tempo foi passando e lá estava o Nelson já formado e trabalhando na Editora Ática como editor onde entre centenas de títulos promeveu a publicação do livro "PT a Lógica da Diferença", da brasilianista norte americana Margaret E. Keck em 1991 quando o ajudei no lançamento do livro no Saguão do Teatro Municipal de Santo André-SP com as presenças da autora,do Lula e do saudoso Celso Daniel,então prefeito da cidade em seu primeiro mandato.
Tempos depois,Nelson sempre arrojado junto com sua esposa Rosa Zuccherato e do saudoso Luiz Bagio, fundaram sua própria editora, a Nova Alexandria, que hoje já é uma referencia e um legado à cultura e à inteligência dos brasileiros.Saudades!

JORGIN & MANUELIN

Tudo ia bem na bucólica Albertina,cidadezinha do interior,com a vida pacata de seus habitantes, quando apareceu por lá, Jorgin, um desses andarilhos de estrada, esfarrapado, sem eira nem beira,que resolveu dar uma paradinha em sua vida errante, estabelecendo-se debaixo da ponte do Rio Turvado, que cortava a cidade bem ao meio. Jorgin saia pelas ruas perambulando, a esmolar , apelando a caridade publica, por um pedaço de pão ou uma roupa surrada...as vezes davam-lhe moedinhas,que juntando-as dava para comprar uma garrafa da maldita branquinha, água que passarinho não bebe, mas que aquece as madrugadas frias.
Uns achavam-no um coitado, outros ainda nem tomavam conhecimento de sua existência por lá, mas tinha os que incomodavam-se com ele e enxotavam o vagabundo, que detestava a ideia de trabalhar, só de pensar nisso já arrepiava-se todo,gostava mesmo era de viver solto,sem regras,etc...
Como sabem, as cidadezinhas do interior,possuem sempre uns personagens, assim excêntricos, quase folclóricos,que dominam a cena, um pouco doidos, conhecidos por todos...em Albertina não era diferente.
Manuelino um homem de uns quarenta e tantos, desde sempre encarnou o guarda noturno da cidade,andava de uniforme caqui, herança do avô que tinha sido soldado constitucionalista em 32,uma lanterna de pilhas e um apito, ganho de um juiz de futebol,que por lá passara algum dia. A noite era dele,punha ordem em tudo e em todos...os namorados, que atras da matriz trocavam juras de amor, nada convencionais que o digam, ninguém o contrariava, faziam de conta e pronto.Uma noite destas resolveu inspecionar debaixo da ponte e tomar satisfações do tal do Jorgin, que já meio bêbado dormitava, com um olho aberto e o outro fechado,   e de pronto, iluminando a cara do dito cujo com sua lanterna, foi logo gritando e dando ordens explicitas para que sumisse da cidade, ao que Jorgin num impeto de fúria atacou Manuelino com uma pedrada na cabeça e empurrou-o rio abaixo,e o afogou nas águas turvas e voltou tranquilo, pro seu cantinho, esperando que a correnteza levasse rio abaixo o corpo do infeliz para bem longe dali.
Desaparecido Manuelino,a cidade inteira deu por sua falta e logo a noticia correu de boca em boca e começaram a procura dele por toda a parte, até que dois dias depois seu corpo de afogado e ferido, fora encontrado por um pescador, entalado numa curva do rio. Ninguém em Albertina teve dúvidas, de quem teria sido o autor do assassinato, só poderia ser o vagabundo da ponte, e assim foi o delegado e dois praças para lá e prenderam Jorgin, que não negou a autoria do acontecido, mudando-se agora para a cadeia local.
Aberto o inquérito e caracterizado o homicídio qualificado correu processo no forun local.
A vida para Jorgin tinha melhorado sobremaneira,cafe da manhã, quentinha no almoço e jantar, alem das regalias de um teto,cama e banho...para quem debaixo da ponte tiritava de frio a noite estava bom agora, só sentia saudades da branquinha,nada é perfeito!Sr Delegado,até arrumara terno, gravata e sapatos, para que Jorgin ao apresentar-se ao Juiz convenientemente vestido.
A morte trágica de Manuelino, muito querido que era,  revoltou a população e dividiu as opiniões, com aproximação do julgamento, uns achavam que o réu deveria pegar trinta anos e morrer na prisão, outros achavam o contrario que deveria ser liberto para voltar a passar fome e frio e ser expulso da cidade.
Chegado o grande dia do julgamento,o povo todo ouriçado lotou o plenario do Forun para assistir, tudo preparado,advogados de acusação e defesa,jurados,testemunhas, entrou o Juiz de toga e martelo, pediu silencio e que se apresentasse o réu.
Surpresa geral,entra o delegado, que deveria ter conduzido Jorgin da cadeia para o banco dos réus e comunica ao Juiz diante de todos:Jorgin esta morto,fora picado por uma cascavel durante a noite!

ACIDENTE DUPLO

Alto verão, manhã quente,periferia de São Paulo, e o Edimilson, peão migrante, do nordeste, caminha pela calçada , subindo a Av. Baronesa de Cocais , rumo ao seu barraco, logo acima...absorto em suas lembranças, quando um caminhão do depósito de materiais, numa manobra de ré, atropelou o Edimilson, que com o golpe recebido caiu desacordado ao chão duro do asfalto quente, transeuntes que por ali passavam socorreram o acidentado, mas desconfiaram que de nada valeria, pois aparentemente já estava morto.
Acionada a policia, foram feitos os procedimentos de praxe, e constatada a morte , os policiais acionaram a presença da Policia Cientifica e a remoção do corpo pelo Serviço Funerário.
Enquanto isso o povo foi rodeando o corpo do rapaz, alguém providenciou jornais para cobri-lo e amenizar a exposição do corpo. O transito no local ,ficou um caos, todos os carros paravam para verem o acontecido. A policia montou guarda para preservação da cena e do corpo do pobre Edimilson, que quando vivo nunca mereceu atenção devida, sem parentes ou amigos, agora era alvo do publico, pois curiosidade mata!
Passaram-se horas e a Policia Cientifica não chegava para documentar o acontecido, o corpo continuava ali, o sol do meio dia era escaldante, torrava as cabeças das pessoas e fumegava no asfalto.
Lá pelas tantas aparece uma velhinha que piedosamente acende uma vela para o defunto, o policial estressado que montava guarda fica meio preocupado, mas respeita. Nisso aparece um moleque estabanado que querendo ajudar, tropeça e derruba a vela acesa, nisto os jornais que cobriam o corpo,rapidamente pegam fogo, queimando o morto, que num sobressalto dá um pulo e levanta-se.
O povão ao ver a cena grita, o policial de prontidão saca da arma e dá um tiro na perna do Edimilson que cai sangrando...mais gritos do povo!
O rabecão da funerária que ali estacionado aguardava para levar o defunto para o necrotério, muda o destino levando as pressas o Edimilson para o hospital.
Assim terminou o dia do nosso herói. Que azar, mas que sorte!

O BIGODE

Desde a adolescência , vivida lá pelos anos sessenta, Antônio barbeava-se religiosamente a cada três dias, extraindo toda penugem dos anos verdes até os pelos mais consistentes da maturidade, seguindo a regra: cara limpa, lisinha.
Perto de completar anos, recebeu de um amigo querido,um pedido inusitado:
-Deixe crescer a barba e o bigode.
A principio Antônio não gostou muito da ideia, mas como amigo a gente não decepciona nunca, lá foi deixando de barbear-se, barba e bigode cresceram rápido, tomando volume...uma semana, um mês e nosso herói mirava-se no espelho e não apreciava muito o que via, envelhecera muito com aquela barba branca, começava a parecer papai noel, mas estava gostando do bigode, ai teve uma ideia, passou uma máquina zero em tudo que ainda restava de cabelo e barba, deixando apenas o cavanhaque e bigode brancos. Foi mantendo o visual, mas o tal do bigode e o cavanhaque foram crescendo rápido, encorparam-se, imensos dando  para enrolar em cachinhos... Antônio começou a preocupar-se, precisava dar um jeito naquilo, mas tinha medo de por tudo a perder, foi deixando crescer, os lábios desapareceram, a sopa noturna sobrava caudalosamente nos cantos da boca, o café com leite matinal tingiam o esbranquiçado...corria lavar, secar, pentear e nada!Uma voz interior lhe dizia:
-Antônio você precisa tomar uma providencia urgente: ou trata bem deste bigode e cavanhaque ou desiste e navalha tudo!
Nestas horas, sempre aparece alguém para ajudar, um colega de trabalho, vendo o desespero do companheiro aconselhou:
-Procura o Heitor, ele vai dar um jeito nisso!
E lá foi o Antônio procurar o Heitor, um ex-surfista, quarentão, todo proza. 
Expostas as angustias do paciente, ouvidas com atenção e examinado o caso, Heitor exclamou:
-Tenho a solução!
Armou-se de ferramental adequado e deu inicio a operação de salvar o bigode e o cavanhaque, ordenando ao nosso amigo, sente-se na cadeira,tire os óculos, mantenha a espinha ereta, a cabeça quieta e a boca fechada, pois a situação é delicada, qualquer vacilo pomos tudo a perder, mas antes fez uma pergunta:
-Serviço tradicional ou inovador?
Antônio de pronto respondeu, tradicional, pois o amigo lá do inicio da estória, que fizera o pedido, era de perfil conservador, assim meio germânico, um tanto inflexível, mas com muita prontidão!
Trinta minutos depois, Heitor pediu:
-Coloque os óculos e veja se ficou bom?
Antônio ao ver-se no espelho ficou aliviado, pois o resultado era melhor do que o esperado.
-Quanto lhe devo?
-Dez  reais, para ficar cliente.
-Até o mês que vem Heitor, obrigado!
Antônio saiu aliviado e foi para casa, feliz da vida, e ao chegar em sua garagem, deparou-se com seu vizinho, um caminhoneiro cinquentão, que após um cumprimento, exclamou expontaneamente:
-Seu Antônio, como o senhor ficou jovem!
Antônio corou-se todo, e rapidamente subiu as escadas, entrando em casa.

O PADRE SUMIU

No domingo, já tarde da noite, terminada a quermesse, da festa junina paroquial, que  tinha sido um sucesso, com muita gente,musica,barraquinhas,e o tradicional churrasco,Padre José,um tanto cansado,despediu-se do sacristão e foi recolher-se na casa paroquial,sem antes lembrar-lhe,de seus cachorros.
No dia seguinte,o sacristão abriu pontualmente a igreja e badalou os sinos,enquanto alguns fieis vieram para a missa da segunda feira,tradicionalmente dedicada as almas e passada meia hora do horário, o Padre José não aparecera para a celebração e os fieis já inquietos com a demora acionaram o sacristão que andava de um lado a outro inquieto,e que por sua vez mandou o coroinha até a casa do vigário para saber o que havia acontecido.O moleque foi num pé e voltou no outro com a noticia de que o padre e nem seu carro, um velho corcel azul, estavam lá.
Pronto, a noticia espalhou-se rápido,o Padre José sumiu.Onde estaria?Fora sequestrado?Vitima de ladrões?
Foram logo avisando a policia,que registrou o desaparecimento e deu inicio as buscas pelos arredores e nada.Acionaram o Bispo e em sua presença o delegado arrombou a porta da casa paroquial, onde nada fora mexido e nem sinal do padre.Nem vivo,nem morto!
Procuram daqui e procuram dali, três dias depois,acharam o carro do Padre Jose no estacionamento da rodoviária local,e do qual exalava um cheiro forte de putrefação vindo do porta malas.Dado o alarme pela policia,o povo tomou conta do local,todos queriam ver,curiosidade mata!
Chegando o delegado o porta malas foi aberto na presença de todos e qual não foi a surpresa,não havia corpo nenhum,mas sim um saco plástico cheio de ossos e restos de carne do churrasco de domingo que o sacristão havia posto ali para os cachorros do padre.
O mistério continuava, onde estaria o vigário?
Todos perguntavam e queriam saber...passaram-se seis dias do desaparecimento, e nada do Padre Jose,nem noticia boa e nem ruim, simplesmente sumiu!
-Teria largado a batina? Especulam as devotas.
-Mas o carro não saíra da cidade! Afirmavam os detetives de plantão.
No domingo seguinte,seis horas da manhã,chega na  rodoviária o ônibus noturno,vindo do norte de Minas e Padre Jose apressado desembarca e vai a procura de seu velho corcel azul que havia deixado estacionado, não o achando, decidiu por um táxi,pois queria chegar a tempo para a missa dominical das sete horas da manhã.Aos fieis, na hora do sermão, justificou-se: viajei as pressas, para a casa de minha mãe,em Minas,que em agonia aguardava-me para partir deste mundo! Deus a tenha!

sexta-feira, 12 de maio de 2017

Irmão






Um homem 
jovem e doente
morador de rua 
a mão  estendia
em agonia.

Morreu sem ajuda
na madrugada fria
ao lado de uma livraria
quem passava 
não via!