domingo, 30 de julho de 2017

FRANCISCO










O Papa Francisco em sua primeira aparição pública,na janela do apartamento papal,que dá vista para a grande Praça de São Pedro,em Roma,no primeiro domingo após sua eleição,as 12 horas em ponto,diante de uma multidão de fieis,que acorreram para rezarem com ele o Angelus, surpreendeu a todos com sua voz suave,com um Buongiorno (bom dia) e fez questão de parar para ouvir a multidão responder Bom Dia! Ao final de sua prédica e oração,deu a benção e desejou a todos Buon Pranzo (bom almoço) e ao final depois dos aplausos, um Arriverdeci (até logo).
Domingo ultimo,novamente nos lembrou ,em sua fala simples e ao mesmo tempo inovadora as palavras mágicas da boa convivencia e do respeito mutuo:Per favore (por favor), Grazie(obrigado), Permesso(com liçença) etc...
Simples assim, foi preciso o Papa Francisco a nos lembrar,mais uma vez,aquilo que deveria ser corriqueiro,e de uso diario entre as pessoas!






quinta-feira, 20 de julho de 2017

O TESTAMENTO



 
Quando eu morrer quero um caixão de madeira crua, com seis alças e sem brocados.
Vistam-me com o terno cinza,camisa branca e a gravata azul.
Derramem sobre mim, o resto do meu perfume Portinari.
Nada de flores, nas mãos apenas um ramo de oliveira verde.
Que ardam nos cantos quatro velas de cera de abelha com odor do mel.
Em câmara ardente ouçam minhas músicas preferidas para a ocasião:
O Adagio de Albinone e As Quatro Estações de Vivaldi e Don Giovanni de Mozart.
Que silenciem as línguas dos malidícentes!
O cafezinho estará liberado, mas sem açucar!
No cortejo até a cova, nada de carrinhos de empurrar ou motorizados.
Quero seis homens assim escolhidos: nas alças da cabeceira meus dois filhos,nas medianas meus dois netos,e nas derradeiras o mais novo deles a direita e a esquerda aquele que me amou por ultimo!
O choro contido será liberado para as mulheres,porém as lágrimas das três que amei em vida, que já partiram antes de mim e lá me aguardam.
Desejo que na hora das despedidas finais,chova copiosamente e todos saiam depressa,sem olharem para trás,deixando-me em paz na cova rasa!
Ao retornarem, passem antes pela minha casa, lá não encontrarão dinheiro ou joias,mas repartam entre sí, minhas telas,desenhos,poemas, livros,discos,etc...
Em tempo,se encontrarem entre páginas de algum livro, uma carta de amor e um poema a mim dirigidos não os leiam, por favor lancem ao fogo! 
Parafraseando o poeta termino: aqui me calo,aqui me fino!





O ANJO DA MORTE








Nesta noite,visitou-me inesperadamente,o Anjo da Morte,pegou-me assim de surpresa,meio decomposto,pois com este calor dos últimos dias,estava eu em pêlo.
Foi logo perguntando:porque você saiu da fila?
Bem eu ,meio que gaguejando respondi que tinha desistido de ir (cá entre nós nestas horas é preciso ser esperto!) pois tinha ainda muitos sonhos a se concretizarem,telas em branco a serem pintadas,poemas em andamento para publicar,livros para ler e refletir,etc e se eu fosse naquela hora ficaria tudo inacabado,inclusive o meu testamento que só tinha rascunhado,faltando confirmar ainda alguns beneficiários,etc...desconversei e ofereci-lhe chá verde e biscoitos de gergelim...não queria ir muito a fundo no assunto.
Ele aceitou,e enquanto eu preparava a bandeja,com a xícara,mel...ele disse-me: nos últimos dias muitos jovens tem furado a fila,querem ir antes,é a pressa,não sabem esperar a vez,querem tudo de imediato,e o pior é que conturbam a escala e fazem com que os velhos como voce fiquem embromando e ganhando tempo! (ele era também muito esperto ao contrario)
O chá foi servido,os biscoitos deglutidos,ele agora descansado estava calmo,eu dei graças a Deus esperando ele despedir-se, quando de surpresa pediu para examinar minha boca, aberta contou meus dentes e disse, dos 32 voce ainda tem 28 ,parabéns! (não tinha notado que alguns já são postiços).
Depois despediu-se e falou assim:
Volto daqui há 28 anos,mas ai não vai ter desculpas não,terá que ir mesmo...e desapareceu no breu da noite!
Bom até lá tenho tempo para preparar-me melhor e quem sabe conseguir ainda um tempo extra!





sábado, 15 de julho de 2017

Ricardo









Ricardo Nascimento
fruto dos contrastes
da arvore da exclusão 
morador de rua
carroceiro,papeleiro, sucateiro...
nomade urbano
por um pedaço de pizza
numa esquina baleado
fria e covardemente
encontrou a morte
na pauliceia desvairada
suja e linda
pacifica e violenta
generosa e egoista
assassina e acolhedora
sintese do bem e do mal
Amém!